O conceito de academia surgiu na Grécia Antiga, 387 antes de Cristo, quando Platão fundou uma escola livre nos jardins de Academus. A iniciativa de um dos filósofos mais importantes da História reproduzir-se-ia por 900 anos, até que o imperador romano Justiniano ordenasse o fechamento de todas as academias. Como vemos, mentes imperiais repudiam o conhecimento desde sempre.
Com a Renascença, as academias renasceram. Primeiro, na Itália, em 1440, com a fundação da Academia Platônica, depois na França, na Espanha e em Portugal. O Iluminismo, a partir do Século XVII, conferiu à academia, em parte, o valor que ela tem hoje para produção e difusão das ciências e das artes.
Do outro lado do Atlântico, no Brasil Colônia, instituía-se à época a Academia Brasílica dos Esquecidos, e, depois, a dos Renascidos. A Academia Científica do Rio de Janeiro manteve-se em atividade por sete anos. A Sociedade Literária do Rio de Janeiro funcionou durante oito anos do século XVIII, até ser fechada, em 1794, acusada de participar de um movimento pela libertação da colônia. Ainda naquela época, a veia libertária que constitui a essência do trabalho acadêmico era punida.
Hoje, no limiar do Século XXI, nasce no mesmo Rio de Janeiro a Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências. Se a liberdade de pensamento, a pesquisa e a produção cultural caracterizam as academias, o intercâmbio cultural, científico e artístico entre povos deve ter lugar cativo em seu universo.
A cultura árabe e libanesa não apenas expandiu-se para o Brasil logo quando do Descobrimento, pelas mãos dos portugueses, estes aculturados pela ocupação otomana, mas influenciou a cultura brasileira a ponto de com ela se confundir, principalmente a partir dos primeiros anos do Século XX. Seja na arquitetura, na culinária, no comércio ou na música, árabes e libaneses moldaram muitos aspectos da vida do brasileiro.
Devemos lembrar que os imigrantes de origem árabe foram aceitos e integrados à sociedade brasileira, junto à qual constituíram família e prosperaram, em alguns casos com alguma dose de preconceito contra o que vem de fora, ajudando a construir o Brasil, sua história e sua própria identidade.
Local para diálogo sério, pacífico e fundamentado, em que não tem vez a desonestidade intelectual, a Academia Líbano-Brasileira de Letras, Artes e Ciências valorizará a capacidade da cultura árabe e libanesa de buscar respostas criativas aos questionamentos dos tempos passados e destes, em que abundam perguntas e faltam respostas.
Soraya Kassouf Sad
Advogada,
Tesoureira da Academia